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sexta-feira, fevereiro 27, 2004


Os Self-Help books...

Um dia minha măe, uma mulher forte e inteligente, foi ler algum livro self-help. E viciou-se. Foi imediato. Sabe aqueles americanos, cheio de besteiras? Aqueles onde vocę aprende a fazer amigos, influenciar as pessoas, ficar rico, e se dar bem com o teu esposo. Conhece? Pois é.
Algum tempo atrás ela me apareceu com uma pérola clássica: Por que os homens fazem sexo, e as mulheres fazem amor? Esse era o título em portuguęs. Em ingles era melhor ainda: Por que os homens năo sabem ouvir, e as mulheres năo conseguem ler mapas?
Eu jurei pra tudo quanto era santo que năo ia ler essa porcaria. Pelamordedeus! Mas ela comprou um monte de cópias. Me deu uma, outra ŕ minha irmă, e mais năo sei quantas ŕs amigas.
E essa semana, terminei meu último livro, e -desespero- năo tinha mais nada pra ler. Fui mexer nas minhas coisas, e encontrei o tal livro. Bom, entre ler isso e ficar olhando pra cara feia dos franceses no metro, melhor ter um lugar onde enfiar o nariz.
Li alguns capítulos, e fiquei puta. Primeiro que eu sei, sim, ler mapas. E também sou capaz de fazer um monte de coisas que, dizem os autores, os homens fazem melhor. Mas eles também dizem que as mulheres săo muito melhores em um monte de outras coisas, que os homens năo sabem fazer. Algumas coisas super úteis. Por exemplo, as mulheres tem visăo periférica melhor, entăo săo capazes de encontrar a manteiga na geladeira, enquato os homens năo enxergam certas coisas que ficam bem na frente de seus narizes. (!)
Alguns dias atrás, enjoada de tanta babozeira, joguei o livro no fundo da minha estante, e resolvi olhar pras pessoas no metro. Afinal de contas, o povo năo pode ser assim, tăo horrível, certo?

E năo é que a porra do livro tinha razăo? (Minha măe sempre acerta. Se ela disse que tinha tudo ŕ ver, pode crer, tem. Ela sempre soube com quem eu ia ficar, antes de passar pela minha cabeça a mera idéia de dar um beijo em alguém. Ela sempre sabe das coisas). Pois é.
Hoje, chateada, chorando, liguei pra alguns amigos. Estou com um problema financeiro, ligado a um ex-grande amigo. A grana é de menos. Afinal das contas, grana sempre falta. Isso năo é novidade. Mas estava realmente chateada com o fato de alguém que eu admiro tanto, me colocar numa situaçăo de merda, de propósito. Enfin, problemas clássicos, que eu, chorona, contei aos amigos. Queria um apoiozinho moral, um pouco de pena e um carinho na cabeça. Só isso. Năo estava procurando soluçőes, porque nesse caso, elas năo existem.
O primeiro me inventou várias soluçőes jurídicas. Polícia, corte, advogados. E pronto, seria tudo resolvido. Voila. Eu fiquei de queixo caído. Ele me conhece, sabe que nunca sonharia em uma merda dessas. Ainda mais que mesmo legalmente, năo tinha fundamento nenhum. E eu disse tudo isso pra ele. O menino ficou bravo, disse que se eu estava ligando com um problema, e ele tinha uma soluçăo, porra, eu podia pelo menos escutar um pouco. Desliguei, me sentindo muito pior do que antes.
Pensei em outro menino, esse muito menos agressivo, mais calmo. Esse, sim, seria capaz de me entender. E năo é que ele também tinha uma "soluçăo": era só eu dizer o quanto estava faltando, que ele me faria um cheque, de "presente". Porra, mano! Fiquei puta da vida. E ele disse que estava na casa dos pais, e que teria que voltar pra sala, conversar com o povo, fazer uma social. Valeu, vai lá. Obrigada por tudo. E ele: viu como tudo tem uma soluçăo?
Ai.
E já meio desesperada, liguei pra minha irmă. (Quando estou chateada, ŕs vezes procuro realmente uma acessoria por telefone). Minha maninha ficou só dizendo que estava surpresa, que năo acreditava que uma pessoa (o ex-amigo) poderia virar um cara tăo imbecil em tăo pouco tempo. Pediu pra mim repetir a história. Se impressionou de novo. Fez algumas outras perguntas, pra bem entender a história. E disse que depois passaria aqui em casa, pra falar comigo de novo. Desligou.
Imediatamente me senti comprendida, e menos sozinha. E bem. Afinal de contas, tudo isso năo passa de um monte de draminha pessoal de pessoas sem preocupaçőes. Vai passar. Porque năo entendi isso tudo antes?
E como é que minha irmă, sem fazer proposiçőes e sugestőes de soluçőes, me fez sentir tăo bem?
Aí é que entra o bendito livro. Era isso mesmo que eles estavam falando.
Os homens buscam soluçőes práticas aos problems. As mulheres querem um apoio moral. Tudo se explica. Por isso que a gente năo se entende.
Ah.
Só năo fui até o final, pra aprender como viver em paz com esses homens, tăo idiotas!

Minha colega de trabalho me ofereceu um outro livro, muito bom, emprestado. Năo preciso mais olhar pras caras feias no metro, nem ler os self-help books!




Bruna 9:45 AM



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