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quarta-feira, outubro 27, 2004
Ontém fui no meu cabeleireiro de pobre pela segunda vez (na primeira as mocinhas não quiseram saber de mim porque o salão fecharia uma hora depois - UMA HORA!). Dessa vez cheguei várias horas antes do fechamento, e elas me aceitaram. Corto o cabelo sem lavar, nem secar. Dessa maneira pago "só" 19 Euros (70 Reais). Imagine? Isso significa que elas fazem tudo em uns 10 minutos. Mas pelo menos não pago o preço normal de uns 35 à 40 Euros (130 à 150 Reais).
O salão é super glamour. Fica dentro da estação de metro Auber. Ou seja, um lugar escuro, com aquele ar respirado, e o alto falante explicando quais linhas estão de greve. Chiquérrimo!
Tudo na vida tem um valor. Cabeleireiro barato acaba te fazendo um corte barato. Na última vez que fui nesse lugar saí com um cabelinho tipo chanel horrendo. Expliquei que queria um cabelo bem desarrumado, não muito quadrado, sabe, tipo esse aqui? Apontei pra uma foto de uma moça com o cabelo todo repicado.
- Aaaaaaaah, ela respondeu. Esse aí é quadrado.
Pra mim, na minha cabecinha inocente, quadrado é tipo chanel, e repicado é repicado. Mas não. Se aquilo era quadrado pra ela, pois então que me façam um corte quadrado.
Daí vem o diálogo típico dos salões daqui.
- Faz tempo que você não corta o cabelo, né?
- É que sou muito mão de vaca, e não estou à fim de pagar uma fortuna duas vezes por mês. Por isso evito.
- Aaaaahhhhnnnnn.
- Puxa, mas esse corte vai mudar muito o teu cabelo!
- É que normalmente, se eu não quisesse mudar nada, não iria ao cabeleireiro.
- Aaaaahhhhnnnnn.
Depois ela corta meio dedinho de comprimento, e pergunta se tudo bem assim.
- Pode cortar muuuuuuuito, muuuuito mais, tia. Se estou aqui, é porque quero relamente um corte.
- Aaaaahhhhnnnnn.
- Ta vendo a fotinho da moça na revista? Ela está com o cabelo ao nível do queixo. Eu quero assim.
- Ah! Igual essa foto?
- Isso. É pra isso que servem, as fotos do cabeleireiro, não é?
- Aaaaahhhhnnnnn. É sim.
- Então vai fundo, tia!
Me lembro quando era pequena, e tinha cabelos enormes. Toda vez que ia cortá-los era uma briga. Explicava que queria só cortar as pontinhas, e o povo me cortava meio metro de cabelo. Agora quero que eles cortem alguma coisa, e eles querem cortar só as pontinhas. Santo!
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