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segunda-feira, dezembro 13, 2004
Está fazendo frio, muito frio. Um frio que corta, morde a pele. Um frio que atravessa as roupas, os músculos, e agarra os ossos, sem trégua. Todo ano acho que nunca passei tanto frio na minha vida. Mas esse ano é verdade. Não seria possível ter sobrevivido um inverno assim.
Domingo à noite meus pais telefonam, e contam das quantidades absurdas de camarão frito e caipirinha de maracujá que consumiram na praia. Eles adoram repetir que, sentadinhos num pedaço de paraíso, eles sempre se perguntam porque as filhas insistem em morar longe daquilo tudo. O negócio é que as filhas também se perguntam a mesma coisa. Só não são capazes de responder.
Sábado de manha, cedo, fui com o Monsieur fazer as malditas compras de Natal. Ano passado passei o Natal com sua família. Não conhecia ninguém, e achei que não era necessário toda a hipocrisia de comprar presentinhos para pessoas que nunca tinha encontrado na vida. Fui de mãozinhas abanando, e ganhei presentes de TODO mundo. Fiquei com cara da nova pessoa da família: egoista e ranzinza.
Esse ano não vou cometer o mesmo erro. Fomos afrontar o frio e os compradores alucinados, lutar para o direito de gastar uma grana preta, no final de semana, quando o resto da cidade inteirinha resolve fazer a mesma coisa. Fiquei orgulhosa. Conseguimos comprar tudo o que precisávamos, quase.
Acho um absurdo termos todos a obrigação de comprar presentes para pessoas que mal conhecemos, gastar uma grana preta, e recebermos coisas inúteis de volta. Mas assim é a tradição, quem sou eu pra mudar o mundo?
Domingo passei em casa, sem sair nem com a pontinha do nariz na rua. Com um frio desses, só saio por obrigação. Mas foi bom, como foi bom! Minha casinha é tão quentinha. Amo os meus plombiers.
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