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sexta-feira, dezembro 17, 2004
Os Homens e os Cosméticos:
O primeiro (e melhor) homen da minha vida, meu pai, tem o que eu achava ser hábitos normais. Se apronta de manha em 5 minutos, toma banho com qualquer shampoo e sabonete que estiver por perto, penteia o cabelo, faz a barba, e pronto, sai de casa feliz da vida.
Depois fui pra faculdade, e morei com um namorado. Ele também tinha hábitos parecidos aos do meu pai. Simples, sem frescura. Durante um tempo, naquela época, abrigamos um amigo homosexual. Lee entupiu meu modesto banheiro de cosméticos. E sendo o banheiro bem parisience (pequeno) os produtos foram transbordando, aparecendo na estante da sala, no quarto, em todo e qualquer canto da casa que ele encontrava. Eram cremes, produtos capilares, perfumes, lentes de contado de todas as cores, amaciantes para roupas, cremes e máquinas de depilação (não me perguntem), tinta de cabelo, secadores, yada, yada, yada. A lista era sem fim. Mas eu entendia, afinal de contas, meu querido amigo é homosexual.
Demorei para entender, pelos exemplos que tinha na minha simples e inocente vida universitária. Mas fui parar com um namorado que se perfumava, e passava cremes auto-bronzeantes (é assim que se chamam?). Ele reclamava que eu não usava maquillagem. E me comprou uma garrafinha do tal creme. Sendo jóvem e tonta, passei nos braços, pra testar. Fiquei toda manchada, e cor de laranja. Tive que usar mangas muito compridas, que cobriam as mãos, durante vááárias semanas.
Depois veio outro namorado, feio de rosto, mas muito bem vestido. Ele tinha outros tipos de frescuras: shampoo e creme especial para queda de cabelos, creme especial de rosto contra espinhas, uma meleca especial para hidratas os lábios, hidratante para o corpo em spray, etc.
E eu achava tudo isso demais. Mas o Monsieur me aparece com cada uma! Quando vou dormir na casa dele uso o shampoo dele, o desodorante dele, levo rimel, e pronto. Quando ele vem em casa aparece com um sacolão. Tem creme e pós barba chique (daqueles que não se encontra em supermercados), tem perfume, tem hidratante para o rosto, tem gel especial para os cachos (e ai de mim se quiser fazer um carinho no cabelo dele!), pózinho especial anti-bactérias e anti-chulé, e sempre termina o longo ritual de preparação com uma passada de água mineral no rosto, porque não sei quem disse que isso ajuda com as rugas. Depois ele vem reclamar do meu shampoo, do sabonete, das toalhas, da falta de tábua de passar roupas (é isso aí minha gente, não passo roupas, não possuo nem ferro nem tábua).
E depois me pergunto, será que não sou muito mais macha do que eles? Onde estão os homens simples, como meu pai? Quando será que os fabricantes de cosméticos vão perceber que podem vender qualquer porcaria aos homens, e que a mina de ouro não se encontra mais no mercado feminino?
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