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quarta-feira, dezembro 31, 2003
Deliciosa decadęncia... Passei quatro horas assistindo Friends ontém. Vida boa. Descobri uma maquininha aqui do lado de casa, onde vocę coloca o cartăo de credito, e vocę pode tirar um DVD. E eles tem Friends. E outras cositas mas...
terça-feira, dezembro 30, 2003
Fui almoçar em um lugar chique. (Pra combinar com o telefone). Adorei. Le Fumoir. Um restaurante antigo, tradicional. Mas muito legal. Tem as paredes cheias de livros, que os clientes podem ler, ŕ vontade. Tem gente que vai lá, pede um café, e passa a tarde. A comida é muito boa, a decoraçăo bonita, e as garçonetes lindíssimas! Ele fica na frente do Louvre. E hoje tinha um solzinho gostoso, que ficou batendo nas minhas costas. Conversa gostosa. É bom, essa coisa de férias surpresa...
segunda-feira, dezembro 29, 2003
Sou muito chique. Tenho um celular novo. Muito chique. Daqueles que tira fotos, e que toca com musiquinha bonitinha. Foi sem querer. Eu gostava muito do meu velho e pesado Nokia tijolinho. Mas eles fizeram uma promoçăo. O novo veio praticamente de graça. Meus amiguinhos que gostam de gadgets ficaram todos com inveja. E eu, que nem queria o bicho. Năo entendo lá muita coisa, e nem tenho vontade de saber. Acho que ele deve ter milhőes de super funçőes interessantíssimas, que eu nunca vou conhecer ou entender. Sério memso. Que tédio, esses brinquedinhos tecnológicos de adultos nerds. Mas agora eu tenho ele, e sou muito chique. Vai servir principalmente pra colocar na mesa do bar, e fazer tipinho. Muito chique!
sábado, dezembro 27, 2003
Acabou o natal. Agora sobraram os enfeites esquecidos, os pedaços de embrulho que as pessoas năo viram na hora de jogar tudo fora, e os intermináveis sanduiches de resto de peru.
Tento, todo ano, ser rebelde. Tento fingir que o Natal năo existe, e passar o dia como se fosse um outro qualquer. Mas nunca dá certo.
Entăo fui num jantar na família do menino. A măe dele resoveu dar colo aos estrangeiros sós. Ela tem 5 filhos, acho que está acostumada com essas coisas. Foram 3 dos filhos, com os respectivos convidados, e outro casal de pseudo-brasileiros longe da família. Eu năo queria ir. Tem aquele stressinho de ter que ser simpática a bonitinha com gente que eu năo conheço. E tem aquelas coisas de francęs, que ainda năo entendo muito bem. Tem que levar alguma coisa. Mas o quę? Cada ocasiăo tem uma regrinha específica: chocolates, vinho, flores, champagne. Escolhi o chocolate. Perguntei antes, o que devo trazer? Resposta clássica: "Vocę mesma, meu amor." Aaaaaaaaaah, que merda. Entăo fui eu mesma, com chocolates. E năo é que o povo todo, que nunca me viram na frente, resolveram me presentear? Ganhei um monte de livros, que năo tęm nada a ver comigo. Ligeiramente interessantes, mas nada que eu teria comprado. Porra, se queriam me dar livros, era só perguntar. Tenho uma lista kilométrica de livros, que eu compraria se pudesse. Mas quem disse que alguém tem espírito prático no natal? Entăo foram os livros que eles queriam. Mas tudo bem. Também ganhei incenso, trufas, etc.
E tenho que admitir, foi legal sim. A comida estava muito boa, e o papo também. Gente simpática.
A măe é uma senhora chique, capaz de cuidar dos 5 fillhos, do marido, da casa, da comida, e do batom, sem piscar um olho. Quando tem gente que vem jantar em casa, ou na casa dos meus pais, sempre tem alguém no banho quando os convidados chegam. E sempre tem alguma coisinha que queima. E alguém que resolve sair passear quando a gente mais precisa da ajuda deles (meu pai), e sempre tem uma parte da casa que năo deu tempo de arrumar.
Eles năo. Tudo, tudinho, pré-preparado. Elegantemente. Limpinhos. Penteados e com o batom do tom certo. Como será que esse povo faz? O que eles tęm que eu năo tenho?
Mas foi bom. Gostei. Ficou aquele sentimento de menina mal-agradecida, que ganha coisinhas de todo mundo e só leva chocolates. Mas tudo bem. Foi bom. Gostei.
terça-feira, dezembro 23, 2003
Entrei na roda ontém na aula. Uuuuuuuuuuuuhhhuuuuuuuuuu!
Bem, năo foi exatamente assim. Foi descuido da minha parte. Estávamos fazendo um exercício onde uma pessoa segura a outra, de cabeça pra baixo, em cima do ombro. Até parece que eu seria capaz de uma coisa dessas. Mas tinha um pobre infeliz tentando me convencer de subir no ombro dele. Subi gritando, desci urlando. Acho que ele se arrependeu amargamente de ter começado com a brincadeira. Mas na hora de formar a roda, lá estava eu, tentando explicar minha fobias pra ele. Fui parar do lado do berimbau. E na hora dos jogos, alguém me empurrou pra dentro da roda. Seria muito feio inventar que estava com uma bolha no pé, ou com unha encravada, ou alguma das outras desculpas usuais. Entăo entrei. Passei o resto do curso (uma hora) me recuperando psicologicamente...
segunda-feira, dezembro 22, 2003
No comments por hoje. Năo tenho nada de inteligente, interessante ou idiota a dizer. Só sei que ando viajando com o Portuguęs por aqui... Por favor, me corrigem!
sábado, dezembro 20, 2003
Acho que estou precisando ficar sozinha um tempo. Tenho a impressăo que meu corpo năo me pertence. Tenho a impressăo que eu năo me pertenço...
Tive um sonho, que me deixou angustiada. Foi muito real, e a raiva muito forte. Meu menino era casado. Tinha tręs filhos. A măe deles, brasileira, era uma versăo de uma menina de Belo Horizonte que encontrei na capoeira ontém. Eu, a outra, amante dele. (Significativo, isso, será?). Mas a moça me aceitava, na casa deles, numa boa. Estávamos lá, todos. Eu, ele, ela, e as crianças. E daí ele trouxe outra mulher pra casa. Essa, era outra versăo da minha amiga capoeirista. E ele que tentava de qualquer jeito seduzir essa outra moça. O que me impressionou foi minha ira. Fiquei mal. Disse pra mulher dele que ela năo devia aceitar esse tipo de tratamento (sendo que eu também era amante dele). Saí de lá correndo, batendo portas, fazendo um escândalo. Com um sentimento fortíssimo de nojo, raiva e desespero, no fundo do estômago. E quando acordei, năo conseguia me livrar desse sentimento. Continuei odiando ele, com aquele gosto ruim na boca.
Porque năo posso ter sonhos côr-de-rosa, com sol e praia no fundo?
sexta-feira, dezembro 19, 2003
Fui ver Sophie Calle, de novo...
No último andar do Beaubourg (sexto andar), tem um restaurante, Chez Georges. Vale a pena visitar, porque a vista é linda, e as pessoas também. Se năo quiser sair de la completamente ruinado, melhor beber só um cafezinho mesmo. Do lado de fora tem um terraço, e cada mesa tem uma rosa, mesmo durante o inverno chuvoso, quando o acesso fica impossível...
Năo resisto. Sempre que vou lá, tiro as mesmas fotinhos, que todo o resto do mundo tira também. Mas adoro esse Centro Pompidou...
quinta-feira, dezembro 18, 2003
Atençăo! Post exageradamente longo e preconceituoso. Ninguém tem obrigaçăo de ler...
A diferença entre os Ingleses e os Franceses:
Toda pessoa ligeiramente inteligente sabe que năo se deve fazer generalizaçőes (existe essa palavra em portugęs?) sobre nacionalidades, raças, etc. Mas faço uma comparaçăo baseada em experięncia própria. Com licença.
Primeiras impressőes:
No metrô, aeroporto, e lugares públicos em geral, percebe-se que os ingleses săo sempre muito simpáticos e "polite". As palavras "sorry", "please", e "excuse-me" devem ser, estatísticamente, as mais usadas na Inglaterra. Se vocę pisa nos pés deles, săo eles que văo pedir desculpas. Se vocę esta com cara de perdido ou está carregando peso, eles estarăo sempre prestes a ajudar. Os franceses passarăo batidos, com um "porra de turista ignorante" de passagem. E uma careta feia, ou um suspiro.
No trânsito, os ingleses respeitam as regras, deixam os outros passarem, e quase nunca reclamam ou bizinam. Para entender os franceses no trânsito, basta tentar dar uma volta de carro no Arc de Triomphe (ao topo do Champs Elysees). Ainda năo entendo como saio de lá viva cada vez.
Alimentaçăo:
Os ingleses comem chocolates, salgadinhos, fish and chips (peixe e batata, frita no mesmo óleo, com idade indeterminada), e legumes fervidos durante várias horas (sem sal. Tempero só nos sonhos). A "cuisine française" é conhecida pelo mundo afora, como sofisticada, refinada e complicada. Quantidades mínimas (por isso os parisiences săo magrelos, apesar de comerem de tudo). Os ingleses comem sanduíches no metrô, ou enquanto correm de um lugar ao outro. Tente comer um "croissant" no metro de manha, quando vocę sai de casa atrasado e faminto, pra ver o que săo olhares de desgosto e nojo. Os franceses comem sentados, na mesa, e com calma. Os ingleses ainda năo perceberam que isso năo somente faz bem, como é mais agradável. E năo văo perceber nunca. Um bom exemplo de uma família típicamente francesa, jantando, se encontra no filme de Bertolucci, The Dreamers.
Roupas (Feminina):
As inglesas tęm tendęncias a engordarem, e também ŕ năo saberem muito bem como se disfarça os quilinhos extras. Gostam de saias curtas (mesmo no inverno, sem meia calça, e com perninhas azuladas de frio). Usam saltos altos, sapatos muitas vezes sujos e descascados. As francesas năo seriam vistas mortas sem meia-calça! Quase todas magrelas, e sempre elegantes (mesmo no supermercado). Usam roupas escuras, porque sabem que isso emagrece mais ainda, e também por ser uma cor clássica. As roupas estăo sempre limpas, mesmo se os corpinhos por baixo delas năo viram um sabonetinho a vários dias.
Roupas (Masculina):
Os ingleses mostram a pança ŕ vontade. Muitas vezes parecem que levantaram de manha, e esqueceram de tirar o pijama. Os franceses nunca serăo vistos de moletom, e raramente de tęnis, em público. Os homens simplesmente năo possuem panças.
As panças:
Ingleses possuem, franceses năo. Os franceses săo pequenos, e magros. Os ingleses, altos e grandes. E descabelados. Năo se sabe muito bem de onde vem isso. Talvéz por causa da enorme quantidade de cigarros consumidos na França, e da frequęncia que os ingleses ingestem cerveja (quente). Mas năo existem provas científicas de nada disso.
Bebidas:
Os franceses consomen vinhos (finos). Sempre. Desde jóvens, desde sempre. Desde de manha cedo, até tarde da noite. E aparentemente sem se alterarem demais. Os ingleses, muito tímidos, ainda năo aperfeiçoaram a arte de seduzir o sexo oposto (ou o sexo interessante) sem a ajuda da bebida. Entăo bebem enormes quantidades de cerveja (sim, quentes), e se jogam contra a pessoa desejada. Se conseguirem se manter devidamente embriagados até chegarem em casa, a coisa pode ficar interessante. Se năo for o caso, um aperto de măo com um "sorry" terminará a noitada.
Seduçăo:
Dizem que os fraceses seduzem com o olhar. Pessoalmente, ainda năo consegui entender muito bem essa tática. Experięncia própria mostra que passarăo bastante (bastante mesmo) tempo com a pessoa de seu interesse, até essa mesma começar a duvidar dos interesses (e da orientaçăo sexual) deles. Quando a vítima começar a pensar que estăo realmente interessados em amizade pura e inocente, o fracęs tomará uma atitude (um beijo em condiçőes bizarras, ou até uma măo direto ao local desejado da pobre pessoa desintentida). Estranho, mas funciona. Os ingleses tęm mais dificuldades com isso tudo (vide item "Bebidas" acima).
Cultura:
O frances médio é bastante culto. Conhece política, história, e arte. Lotam os museus e exposiçőes da cidade, e lęem os jormais. Os ingleses gostam de assistir futebol (rugby, cricket, ou outros) em compania dos amigo, com mais cerveja quente. Lęem jornais que contam da vida particular e meio sórdida da realeza, e outros "celebrities". Os museus săo populados por turistas.
Cinema:
O cinema francęs é isso mesmo. Francęs. Sofisticado, esbanjando charme e cultura. O cinema inglęs fala da luta social das classes baixas, ou săo comédias, entendidas somente pelos conhecedores de "English Humour".
Moradia:
As casas dos ingleses săo claramente sujas e bagunçadas. Encontra-se louça na pia, roupas para serem passadas espalhadas pela casa, e aspirador de pó no corredor (que óbviamente năo foi usado ŕ alguns milęnios). Os franceses tem casas bem arrumadas, com sujeirinhas discretas. Decoraçăo de bom gosto, iluminaçăo discreta e sedutora. Muitas vezes, comem em pratos velhos e quebrados, copos de diversos tamanhos diferentes, talheres tortos. Mas tudo com muito charme. E comem bem.
Crianças:
As crianças inglesas săo isso mesmo: crianças. Correm, falam alto, gritam e se divertem. Mal educadamente. Se vestem com roupas confortáveis e de preferęncia bem velhas. As crianças francesas nascem adultas. Săo educadas, cheias de cultura, e sofisticadas. Se vestem como os pais. Fumam desde cedo. Estudam.
Velhos, e deficientes:
Na frança, essa categoria năo existe. Pelo menos que eu saiba. Se existem, ficam escondidinhos direitinho. Os velhos andam de metro, sobem e descem escadas (muitas), e se viram sozinhos. Os ingleses tem organizaçőes que cuidam dessas pessoas, e cuidam bem. E eles existem, sem vergonha ou culpa.
Voila! Por enquanto é isso. Quem quiser adicionar alguma coisa, aceito! Quem é mais legal, onde é melhor viver, năo sei.
A gente tem uma escolha na vida. Uma escolha principal. Podemos viver em paz, com pessoas de quem gostamos, com quem nos damos bem, tranquilamente. Sem enormes brigas, sem dor, sem grandes emoçőes. Também podemos escolher de se meter com pessoas que nos perturbam. Pessoas que mexem com tudo dentro de nós. Pessoas pelas quais choramos, rimos, doemos e sofremos. Essas que fazem com que a gente faça grandes besteiras, que fazem com que a gente perca todo senso de responsabilidade e toda certeza dessa vida. Pessoas perigosas. E por alguma razőo, estranha, bizarra, a gente acaba preferindo se meter com elas. Porque será? Năo quero isso. Mas năo consigo impedir que aconteça.
Agora, falando sério merrmăo. Porque as pessoas insistem em comprar presentes pras outras, quando năo sentem vontade alguma? Porque elas se forçam a essas regrinhas da sociedade? Todo mundo acaba sem um puto no começo do ano, e com um monte de presentes que eles năo queriam, pois foram comprados por pessoas que tinham obrigaçăo em dar-los. Eu năo quero presente algum que foi comprado com stresse e má-vontade, em lojas lotadas de pessoas nervosas. Quero receber presentes espontâneos, de pessoas que viram alguma coisa em algum lugar, e pensaram em mim. Mas assim năo. Pelamordedeus, assim năo!
Aaaaaaaaaaaaaaaai... Quero ir embora daqui. Quero ficar longe de todo mundo. Quero năo dever nada ŕ ninguém. Quero năo ter que fazer mal ŕ ninguém. Năo ter que falar com ninguém. Năo ter que sobreviver Natal, e as besteirinhas que vęm junto. Quero paz. E uma ilha deserta.
Ontém voltei pra outra loja, mais uma vez. Levei a peça que vazava. O moço estava conversando com um homen, explicando como acabar com um vazamento num tubo de cobre. Passou dez minutos explicando. Tinha que colocar massa năo-sei-do-que aqui, tá vendo, e năo aqui. Passar e esperar 3 horas, etc, etc. Longa e detalhada explicaçăo. Quando eu cheguei pra perguntar, ele me olhou feio, me jogou uma peça nova. O "joint" estava ruim. Agradeci, e perguntei se o problema era no "joint", se eu poderia trocar somente isso, em vez de comprar uma peça nova. Ele ficou mais mal-humorado ainda. Buscou um "joint" e saiu andando rápido na direçăo oposta. Que delicadeza...
Voltei pra casa, atarrachei o negócio. Vazava um pouco alí. Atarrachei de novo. Perfeito! Tenho uma bela pia, funcionando perfeitamente. Sou a prova final de que năo é necessário ter um treco mole entre as pernas para poder concertar um probleminha de encanamento.
Viva! \o/
quarta-feira, dezembro 17, 2003
Diálogo tipicamente parisience:
A moça chega na loja de convenięncias. Timidamente pergunta:
"Por favor..."
O moço, que năo está fazendo absolutamente nada, a ignora. Ela tosse, coça a cabeça, e espera. Bastante. Tenta de novo.
"Por favor, a minha pia da cozinha está com um problema. Esta vazando, nessa parte aqui."
(Mostra um desenho previamente preparado - por falta de vocabulário - mostrando o local e problema exato).
"Hm. Desmonta tudo e me traz de volta aqui."
"Essa parte aqui mede X cm, e aqui tem um diâmetro de tanto."
"Desmonta tudo e me traz de volta aqui."
"Moço, năo dá pra me ajudar um pouco? Eu trabalho, vim correndo aqui na hora do almoço, preciso resolver isso."
(Obs. As lojas de "convenięncias" ficam abertas em horários "convenientes", durante os quais todos nós trabalhamos). Daqui ŕ pouco, fecham para o Natal, de vez. Até o ano que vem.
"Tem que trocar a peça? Comprar um selante de silicone? Custa quanto, mais ou menos?"
"Desmonta tudo e me traz de volta aqui." (Com ar de mulher-măo-entende-dessas-coisas).
Ela tosse de novo, engroça a voz.
"Será que o senhor poderia me dar uma idéia..."
Ele vira, e começa a ler o jornal.
"Pelo menos... só pra saber..."
Ele suspira (francęs adora suspirar).
"Desmonta tudo e me traz de volta aqui."
Moral da história: Volte pra casa e jante pizza.
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segunda-feira, dezembro 15, 2003
ó umbiguismo...
A descoberta do dia
Minha irmã chegou no Brasil, e levou minhas radiografias de ouro. Minha mão levou pro médico-deus dela, que disse, entre outras coisas podres sobre meus ossos, que tenho não sei o que na cervical. Normal, que sou torta já sabia. O que foi interessante foi saber que isso causa dores de cabeça! Minhas dores de cabeça de-deixar-na-cama-durante-tręs-dias nada tęm a ver com os hormônios, pílula, alimentação, vinho (uuuuhhhhuuuuu!) e outras teorias mais. São por causa dos ossos. E os ossos podem ser concertados (pelo menos um pouco). Será que vou ser curada dessa?!?
A Bruna Paixão falou disso uma vez. E é isso, exatamente isso. A gente não entende como as pessoas conseguem se apaixonar pela internet. Coisa estranha. Mas daí a gente fica conhecendo uma pessoa, assim, pelo texto. Uma relação cerebral. Não tem o cheiro, o toque, o som da voz, que normalmente significam tudo. Mas tem gente que te escreve, e basta. Só aquelas poucas palavrinhas, (digitadas, nem a letra a gente conhece), bastam pra saber que a gente gosta. E como gosta. E como faz bem. Um e-mail que muda o teu dia. Que muda tudo. De uma pessoa que eu nunca ví.
No telefone, agora pouco, ele me perguntou se eu estava feliz. Fiquei muda. Como assim, feliz? Feliz onde, com quem, como? Feliz, ele disse. Não é uma pergunta assim, complicada. Mas năo sabia responder. Estou bem, ou pelo menos, muito melhor do que estive esse ano todo. Năo choro mais sozinha, na cama, por razőes inexplicáveis. Năo fico mais com medo de ficar sozinha. Não tenho mais aquela agonia. Mas agora não sei mais. Medo, sempre medo, de mudar, de não mudar, de fazer mal ŕs pessoas, de passar desapercebida. Medo de não saber o que eu quero. Nem como conseguir o que quero.
Estou bem, pelo menos por enquanto. Feliz, não sei. Pra estar feliz, acho que preciso de um trabalho mais criativo, e de estar perto das pessoas que eu quero, e poder ter insipiraçăo, e tempo de escrever tudo que quero escrever, ter uma casinha perto do mar. E os ossos bons. E música. E saber que as pessoas que vou deixar pra trás estão bem. Daí sim.
Não sei. Minha inspiração foi-se. Tirei o dia de hoje de férias, de novo, mas não consigo trabalhar. Tenho 3 sites pra fazer, e não sai nada. Fico rondando pela casa, ouvindo música que me deixa triste. E sabendo que vai me deixar triste, ouço com mais gosto. Não entendo.
sexta-feira, dezembro 12, 2003
Todo mundo sabe que balanças fazem mal ŕ saude, certo? Se pesar sempre tem consequęncias indesejadas. Mas a gente não resiste. Ontém fui pesar a minha mala (gigante) que minha irmã vai levar pra São Paulo. E depois me pesei também. A mala estava bem abaixo do peso. E eu, engordei 3 (TRES) kilos desde a última vez que me pesei (outro dia!). Porra, de onde vieram os 3 kilos???
Querem participar da revolução? Comecem aqui.
Tem gente no mundo que tem um poço de energia. Encontrei uma dessas pessoas ontém. Engraçado. Ela consegue intoxicar todo mundo em volta dela. Vai revolucionar o mundo. Eu vou junto!
quinta-feira, dezembro 11, 2003
Ontém, depois da saga das radiografias, fui almoçar num chinês. Muito bom, mas meio caro. Mas depois de 280 Euros, 10 a menos ou a mais não faz lá muita diferença, certo? Fui, e comprei um pacotinho com vários negocionhos cozidos ao vapor. E nesse pacotinho vem uma folhinha de decoração. Nem prestei atenção. Quando cheguei no escritório, minha colega me olhou torto. "Onde é que vocę arrumou isso?????"
Estou revoltada. Sabe quanto custou essa brincadeira de radiografia? 280 Euros! Uma fortuna. Da pra alimentar uma família africana durante um ano. Aliás, deve dar pra alimentar uma família brasileira um bom tempinho também!
My fucked up bones...
Ai, ai, ai. Foi assim. Depois do acidente dos meus pais (sinto muito, o texto é em ingles - quem necessitar de uma tradução favor contactar-me), minha mãe enrolou, enrolou, e foi, finalemente, fazer fisioterapia. Agora ela se apaixonou pelo médico, e resolveu que o homen é deus-na-terra. Tudo bem, vai ver que ele é. Resolveu fazer um check-up em mim a distancia. Hoje, fui fazer radiografias da coluna todinha, do pescoço até o rabo. Também fiz várias do pé. Nesse país, essas coisas são sempre uma aventura.
Cheguei lá, no laboratório. Primeiro que a recepcionista falava portuguęs! Eu, com meu requerimento por fax do médico do Brasil, com cara de desculpe-vou-ter-que-traduzir. Ela sorriu, pediu pra ver o papel. Entendeu tudinho. Miráculo!
Entrei numa salinha lotada de máquinas tipo space ship. O senhor tio radiólogo olhou pra mim com cara de quem não quer nada.
"Tire a roupa, Mademoiselle."
"Ah, tá. Mas o que, exatamente? A calça?"
"A roupa. Tudo."
"Éhhh... Calcinha e sutiã?"
"Tudo."
Epa! Peraí. Não me lembro de ter ficado nuazinha pra tirar radiografias. Mas isso é França. Eles adoram pedir pro povo tirar a roupa. E eles tiram, na moral.
Tirei tudo, tudinho. Fiquei com cara de cú. E suando, apesar do frio da porra lá fora.
Subi naquelas máquinas. Fiquei sem me mexer, sem respirar, tudo que o tio pedia. Ele me colocava alí, saía da sala, e ficava gritando instruções do outro lado. Gracinha, não queria tomar aquele monte de raios super nocivos que eu estava bebendo.
"Ne bougez pas!"
"Ne bougez plus du tout!"
"Ne respirez pas!"
Ahhhh! Mas me poupe!
"Respirez..."
Ufa!
"Você tem a coluna torta."
No shit!
"Já fez re-educação?"
Como assim, re-educação?
"Devia ter feito desde criança."
Whaaaat?
E daí tudo de novo.
Quando terminei todas as (muitas) radiografias da coluna, faltava o pé.
"Vou me vestir... ?"
Não. Nem rolou. Tinha que ficar nuazinha pra tirar fotinhos da porra do pé!
"O teu pé está torto."
Aaaaaaaaaaah!
Depois, ele terminou, e foi "verificar" tudo.
"Posso me vestir... ?"
Não rolou.
"Caso a gente tiver que refazer tudo."
Como assim, refazer? Refazer o que?
O tio saiu da sala, pra revelar as obras primas, imagens dos meus ossos.
Enquanto isso, a sala lá, aberta. E eu, peladinha. Com o pupu nu, na cadeira gelada.
Entra um outro tio. Me olhou, com aquele sorrizo no canto da boca.
"Bonjour, ça va? Tutto bene signorina?"
Porra, eu alí, peladinha, com o povo entrando e saindo. Tenho cara de "tutto bene"?
O primeiro tio voltou, com cara de desculpe, deu uns tapas numa das máquinas, e saiu. O segundo tio voltou.
"O que você fez com a nossa máquina? Parou de funcionar."
Eu mereço!
O primeiro tio voltou. Deu uma risadinha, e disse que eu podia me vestir.
"Puxa! Obrigada."
...
Depois o médico me chamou.
Me sentou no seu sofá. Parecia psyquiatra!
Explicou que minha coluna está errada no nível das omoplatas, lombar, e no meio. Ou seja, tudo. E o pé está fudido, inclusive com artrite. (Não tenho nem 30 anos!). Explicou que tenho que tratar tudo isso o mais rápido possível, e que devia ter começado faz tempo.
E eu, sendo rainha psicosomática que sou, comecei a sentir dores nas costas imediatamente.
Vou alí dar uma choradinha.
terça-feira, dezembro 09, 2003
Não fui ao trabalho hoje. Conhece a lei das 35 horas na França? Talvéz ja falei disso. Algum espertinho resolveu diminuir a semana de trabalho ŕ 35 horas. Isso daria mais tempo livre aos trabalhadores (eu), e obrigaria as empresas ŕ contratarem outras pessoas (diminuindo o desemprego). Bonitinha, a idéia, como a maioria das leis meio socialistas francesas. O problema é que na verdade ninguém pode trabalhar meio dia a menos por semana. Então a gente vai acumulando essas horas todos os meses, e no final, temos o direito de tirar dias de folga. Só que nunca dá tempo. Esse final de ano, tenho que recuperar 28 dias. Ou seja, não vai rolar. Vou perder essas horas todas.
Numa tentativa de aproveitar um pouquinho, tirei o dia de hoje de férias. Ia passar o dia compenetrada na frente do computador. Também não rolou. Acoredei tarde, passei algumas horas no telefone, e resolvi fazer faxina. Talk about procrastinating. Depois fui tomar banho, almoçar, etc. Quando fui tentar fazer o java script chatinho do tio, já nem deu. Agora estou escrevendo sobre a Anais Nin, dando uma forcinha pra minha sistah.
segunda-feira, dezembro 08, 2003
a lua está cheia
pois é.
minha inspiração foi pras cucuias.
não consigo dormir direito.
não consigo resolver nada.
nem as coisas simples
(faltar ou não na aula?)
nem as coisas complicadas
(voltar ou não ao Brasil?)
nem as coisas mais metafísicas
(me apaixonar ou não por ele; e por ela?)
só sobraram as vontades e os desejos:
de chocolate, de sol, de pele, de conversar com alguém.
mas daqui a pouco essa lua se acalma...
domingo, dezembro 07, 2003
uma noite de sábado melancólica
tinha uma festa, mas deitei 2 minutos e acordei 3 horas mais tarde
agora o sono se foi
não me sinto muito social
mas talvéz seria bom ter ido.
me pergunto o que seria a melhor opção
me pergunto o que estou fazendo da minha vida
o que vou fazer dela?
e das pessoas dentro dela?
será que quero Paris, São Paulo, Recife, Rio de Janeiro, Ilheus, Salvador?
leitura ou webdesign?
limpar a casa ou arrumar minha tralha?
mover os móveis?
beber pinga?
sábado, dezembro 06, 2003
Ontém eu vi um zorse. Sabe o que seria um zorse? Zebra + Horse. Cruzaram os dois, deu um bicho com cara de cavalo, mas com listras de zebra misturadas. Bicho lindo! Louquissimo.
sexta-feira, dezembro 05, 2003
une petite fontaine
A vida é bela,
O amor existe,
Os pássaros cantam,
E o mar faz chuá, chuá, chuá...
quinta-feira, dezembro 04, 2003
WOW
Esses dias, pela primeira vez em um ano, percebi que estou bem. Simplesmente bem. Não estou com o coração estatelado no chão. Não estou com vontade de chorar. Não estou me sentindo pequenina e fraca. Estou bem.
Incrível, isso.
Sou uma mulher fácil. Muito fácil.
Tinha todas as boas intençőes de voltar pra casa, passar aspirador, arrumar o meu quarto, e ir dormir cedo. E um recadinho, um convitezinho (cineminha) e já me derreto toda. Eu vou. E vou deitar tarde, e não vou lavar a roupa, ou limpar o banheiro, nem pagar as contas até outro dia.
Sou fácil.
quarta-feira, dezembro 03, 2003
Acordei de madrugada, fui correndo pra estaçăo, e voltei pra Paris. Ó belo Eurostar... Durmi que nem uma pedra, logo que o cara do meu lado abriu um mapa de Paris, e começou a fungar. Deu aquela chupada, e engolida de catarro velho, guardado no fundo da garganta. Ou eu chutava, ou dormia.
segunda-feira, dezembro 01, 2003
Voltei. Fiquei com raiva do reloginho desse café internet, então dei todas as minhas moedas pra maquina, e voltei. De raiva.
Trouxe um café, que já derrubei em cima das minhas unicas calças, nas quais tenho que trabalhar amanha.
Já comprei meu estoque de livros de péssima qualidade de segunda mão, no Oxfam, e agora aguardo a Fa, (minha amiga que vai me dar um teto e um colchão) sair do trabalho. Depois vou dormir.
Sei. Não é muito interessante, como maneira de gastar tempo nessa cidade. Mas quero dormir. E amanha, vamos passear.
Ui medo. Recebi fotos do encontro da minha classe que se formou no colegial 10 anos atrás. Medo. Eles estão todos iguais. Iguaizinhos! Parece que estavam na formatura. Um ou dois um tiquinho mais gordinhos. Mas tudo igual. Será que a cabecinha deles cresceu? Tomara.
Estou em Londres. Por isso que não estou respondendo e-mails, e nem vou postar grandes coisas. Acabo de perder 3 libras na porra do easyInternetCafe, que tem máquinas atendendo, em vez de gente. E maquinas sempre roubam. E acabaram minhas moedas, e meu tempo também esta pra acabar. La fora, muita chuva, muito cinza. Realmente, não entendo como que o povo pode morar num país desses. Mas ao mesmo tempo, como adoro os Ingleses. Mesmo sendo "the worst lovers in the world" (palavras do meu amigo ingles) e não terem borogodó, e não saberem conversar com mulheres sem a assistęncia de meia garrafa de whisky. Mas tudo bem, eu gosto deles, mesmo assim. Não me perguntem...
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