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sexta-feira, janeiro 30, 2004
Vou pra Espanha! Yeh! 3 dias, rapidinho, ŕ trabalho. E com o Mister Mala, como ela diz. Mas eu vou.
quinta-feira, janeiro 29, 2004
Resolveram fazer o ano da China por aqui. A Torre Eiffel está iluminada toda vermelha, em vez dos brilhantinhos prateados, por causa do Ano Novo Chines. Ficou bem legal. O Presidente da China veio visitar, esses dias. Ele deve estar achando que Paris é uma maravilha, sempre sem transito. Isso porque eles fecham as ruas todas, por onde o senhor vai passar. Isso, claro, sem avisar ninguém. Os ônibus todos fazem um caminho diferente, e chegam com 20 minutos de atraso. O transito para. As estaçőes de metro fecham. E o povo vai ŕ pé. Mas a torre ficou bem bonita...
quarta-feira, janeiro 28, 2004
Engraçado como as coisas acontecem nas horas necessárias, pra colocarem a vida de volta em perspectiva. Minha amiga amada, de Roma, perdeu um colega do trabalho. O cara tinha 29 anos, e morreu de um tumor, de uma hora pra outra. Meus problemas, de repente, ficaram pequenos, bem pequenos... Insignificantes...
Levei um chute na boca do estômago ontém. Năo estava esperando. Eu devia ter imaginado algo assim, mas minha inocęncia burra, e minha eterna esperança na bondade das pessoas, me fez acreditar que teriam um pouco mais de consideraçăo comigo. Sempre acho que as pessoas terăo consideraçăo comigo. Mas elas nunca tęm. Está na hora de aprender, mocinha. It's a jungle out there.
Perdi um amigo, perdi uma história, e toda uma parte da minha vida. Perdi um professor, com quem aprendi tantas coisas, tantos conceitos... Tudo isso por causa de mesquinharias. Minhas, dele, dela.
E a minha história de moradia nessa cidade continua. Sempre foi uma merda. Achava que com esse apartamento bonito, que lutei tanto pra conseguir, isso tinha terminado. Mas năo foi bem assim. As coisas năo mudam. A moradia continua uma merda. Um problema imbecil sem fim.
Essas coisas fazem com que eu me coloque num buraco, me sinta uma vítima. Estou presa. Năo tenho saída. A minha saída seria colocar outras pessoas no meu buraco, junto comigo. Aí sim, eu poderia pisar nos ombros deles, e ficar mais próxima ŕ saída. Mas como é que poderia resolver meu problema, colocando outra pessoa no meu lugar? Năo sou capaz de fazer isso. Pedi ajuda. As pessoas tentam me ajudar. Fazem proposiçőes. Mas esse buraco é meu. Năo tem saída, năo tem soluçăo.
Queria dormir, dormir muito tempo. Acordar daqui ŕ um ano, dois. A bela adormecida. Acordar em outra. Novo país, novo mundo, nova vida. Sem o príncipe, porque o príncipe é um chato. Mas outras circumstâncias. Queria o impossível. Sempre quis.
terça-feira, janeiro 27, 2004
Ontém, num momento de empolgaçăo de dia de folga, resolvemos, minha sistah e eu, nadar. Fomos ŕ piscina de Les Halles. Bonita, grandona, no centro de Paris. Vocę chega, paga, se troca no vestiário, deixa suas coisas com uma moça mal-humorada, e entra. No caminho, tem um corredorzăo, onde voce passa por uma ducha, obrigatória, e depois pela pisininha de pés, nojentinha. Isso dá direto na piscina. Entra, nada.
Na hora da saída, vontade de banho gostoso. Mas năo encontramos os chuveiros. Perguntamos pra moça mal-humorada. Cade os chuveiros? Ela olha pra nós com cara de tédio. Aponta. Alí.
Mas peraí...
Pra tomar banho, era alí mesmo. No corredor, que dá de cara na piscina, bem onde os salva-vidas ficam passeando. Bem na frente de todo mundo. Ou seja, ou vocę faz um strip-tease pra mundo todo, ou toma banho de maiô. Uma pergunta, queridos leitores: Quando vocę toma banho, se preocupa mais com os braços, ou com aquela parte coberta pelo maiô?
Năo dá, né? Pagamos 4.30 Euros, pra nadar, e sair sujas. Tudo bem, năo é uma fortuna... Mas um banho, será que é pedir demais?
Ontém ŕ noite, depois da capoeira, fui pra Montmartre. E lá, no topo de Paris, estava nevando. Uns flocos enoooormes, que entravam nos olhos e na boca. Fui, escorregando pela rua, olhando pra cima com cara de criança maravilhada.
Hoje de manha, só sobrou uns restinhos de neve, em cima dos carros...
sexta-feira, janeiro 23, 2004
Thank god it's Friday
quinta-feira, janeiro 22, 2004
Tenho uma nova roomeite. Ela se chama Clotilde. Mora no meu banheiro. Pendurada no chuveiro. Tem oito pernas, e é toda peluda. Quer dizer, eu acho. Na verdade nunca cheguei assim tăo perto. Năo aguento aranhas. Săo quase tăo pavedonhas quanto baratas voadoras. Quase. Porque năo voam. Mas pulam. E isso é quase tăo ruim quanto voar...
Hoje de manha, ela estava passeando pela banheira. Esperei, esperei, mas ela năo foi embora. Tive que tomar banho de europeu. Eca!
Conhece banho europeu? Aquele com luvinhas? Isso sim, que é pavedonho. Săo quadradinhos de toalha, que eles usam como luvinhas. Daí molham, passam sabonete, e tomam banho sem se molhar, quase. Sem entrar no box ou na banheira. Nojento. Tive que tomar banho assim, só que sem luvinhas. N?o possuo luvinhas... Sou civilizada.
Cheguei em casa agora pouco, e fui correndo tomar um banho de verdade. Examinei a banheira toda, e nada de Clotilde. Entao entre, molhei o cabelo, e daí sim, ela se mostrou. Espertinha. Quase me matou do coraçăo. Acho que nunca tomei um banho tăo rápido na minha vida!
Recebi uma visita da ilustríssima Madame Oraculo. Recomendo esse blog. Visitado por 5624782679612 pessoas diáriamente, foi listado como "blog of note" do Blogger Brasil. Saudaçőes, Madame Oraculo!
Mais um momento ossos fudidos da Bruna:
Fui na RPG (re-educaçăo postural global) hoje. Cheguei toda estressada, e super atrasada. Fora o ano novo chinęs, tem greve das companias de trem, greve da compania de eletricidade, e parece que vai dar greve nos hospitais. Francęs adora greve. E com cada greve, vem as "manifestations". O povo vai pra rua, gritar. Acho que isso eles gostam ate mais que as greves. E com isso, as ruas ficam entupidas. Os onibus não passam. Fazem caminhos novos, muitos mais longos, sem avisar ninguém. Conclusăo, cheguei atrasada. Muito. Mas a moça foi super simpática. Uma loirinha, pequena, mas muito forte. Me apertou, amassou e esticou. Vai cuidar dos meus ossos. Disse que posso correr, fazer capoeira, e o que eu quiser.
\o/
Ela ficou pasma que năo tenho dores nas costas, com todos esses ossos tortos. A médica inútil que eu tive que ver, pra poder ir ver a moça, nem acreditou. Me deu remedinhos contra as dores, mesmo sem eu sentir as dores. E o radiólogo. E o médico deus-na-terra da minha măe. E a terapeuta dela. Todos estăo surpresos que eu năo tenho dores. Hum. Estranho isso. E eu sou reclamona, choro quando tenho um cortinho de papel no dedo. Quero me jogar do quinto andar quando tenho que fazer pontos. Năo aguento dores. Mas as costas, por enquanto, năo doem. Vou ascender velinhas e agradecer Iemanja.
terça-feira, janeiro 20, 2004
Ei, Vivi, que me mandou um comment... Queria responder, mas teu e-mail năo funciona. Mas você tem razão. Eu seria a primeira a ser multada!
Chatice em dose industrial
Luxúria năo devia ser pecado. Luxúria faz bem. Năo vejo o inconveniente nisso. Chatice que devia ser pecado. Chatice é a pior coisa. E hoje, estăo todos chatos. Muito chatos. Ninguém ouve ninguém, ninguém esta tendo consideraçăo com os outros. Ninguém tem tempo. Chatice, irritaçőes, frustraçőes. E reclamaçőes, muitas reclamaçőes. De todos os lados. Cada um com seu probleminha, seu draminha pessoal. E cada um achando que isso que faz a terra girar, o planeta existir. E chatos geram chatice. E quanto mais chatice, mais chatos. Devia ser pecado. E devia dar multa.
Mas fazer o que?
segunda-feira, janeiro 19, 2004
Tem dias em que a gente acorda sem noçăo. Hoje foi assim. O despertador năo tocou, e quando acordei, jurava que era 8:00. Mas năo, já era 10:00. Cheguei muito atrasada no trabalho, quase sem perceber.
Mas tudo bem. Ontém fui dormir tarde, porque fui ouvir música. E isso justifica tudo. Fui levada ao Blue Note, um bar em Montmartre. Fui sem vontade, meio de cara feia. Tinha um grupo tocando jazz, simplesmente maravilhoso. Vários cantores diferentes, vários músicos. Uma hora um moço subiu no palco, pra tocar bateria. O homen era simplesmente incrível. E o filho dele veio contar: ele tem 75 anos. SETENTA E CINCO! Ah, mas năo é possível. Eu quero ter aquele pique com 30, com um pouco de sorte.
sábado, janeiro 17, 2004
Ai, ai... os homens...
Sério, năo quero dar uma de feministazinha emancipada, mas porra! De onde vem tanta insegurança?
O menino foi comprar um computador. Năo entende bulhufas disso, mas tudo bem. Escolheu um bonitinho, pequeno, mas com com monte de memória, rápido, etc. Deu sorte. Jurava que tinha 120 gigas.
Eu sugeri partiçőes.
Pânico.
- Mas eu năo sei fazer isso.
- Eu sei. Te ajudo.
Tonta, com toda essa boa vontade.
Entăo vamos lá. Instalaçăo do Windows XP (ou Merdows XP, como dizia meu ex-sócio).
Ele já ficou nervoso quando eu coloquei o CD de instalaçăo.
- Deixa que eu faço!
Vai fundo, pode fazer.
Descobrimos que na verdade năo eram 120 gigas, mas 80. Never mind. Sugeri uma partiçăo pro sistema, e mais dois pras coisinhas dele.
- Mas porque?
Expliquei, com pacięncia e calma.
- Tá. Mas vou ligar pro Antoine, pra ver se ele concorda.
(Antoine é o irmăo mais velho).
Ligou. O Antoine sugeriu que ele perguntasse pra mim, porque eu "entendo" dessa coisas. Ha! Ponto pra mim! Ele explicou o que eu sugeri, o Antoine disse que sim, eu tinha razăo. Muito bem. Progresso.
Entăo vamos ŕs partiçőes. Eu podia instruir (aperta "Enter", aperta no "C"). Mas se eu tentasse fazer eu mesma, já deixava ele nervoso. Sentei em cima das minhas măos, e resolvi năo tocar em nada.
Ele perguntava o tamanho das partiçőes. Eu sugeria. Ele ligava de volta pro Antoine. Eu, quieta, contava até 10 na minha cabeça.
Fizemos as primeiras duas partiçőes, e instalamos o sistema. Argh.
Faltava uma partiçăo de 40 gigas, mas ele năo percebeu! Fomatei o negócio, dentro do Windows. Ele ficou pasmo.
- Năo sabia que dava pra fazer assim!
- E eu năo falei que ia te ajudar? Porque vocę năo confia em mim?
- Tá bom, tá bom, vocę tinha razăo!
Ah, se tinha! Mas sou mulher. Se fosse um amigo qualquer, homen, ele teria deixado nas măos dele, numa boa.
Ontém, depois da aula de capoeira, meu pandeirinho estava todo fudido. Fui pegar as ferramentas, porque perdi a chavinha.
E ele:
- Deixa que eu te ajudo.
- Mas eu sei fazer.
- Eu sei, mas vocę é mulher... Ha ha ha.
Isso aí. Ha ha.
Deixei com ele. Ele olhou, olhou, mexeu, mexeu, mas não conseguia acertar. Fiquei quietinha.
- Acho que está quebrado mesmo.
- Posso tentar?
- Peraí, deixa eu ver de novo.
E eu, rindo:
- Quer ligar pro Antoine?
Finalmente, ele me deu. Consegui concertar. E ainda tive que ouvir:
- Meu deus, como vocę é cabeça dura! Porque năo me deixa fazer?
Ah, porra!
Tudo isso porque eu sou mulher. E mulher năo entende de computador, nem de ferramentas. Nem de como concertar a pia. Argh!
Fiquei impressionada. Na verdade, me apaixonei totalmente. Quarta feira passada fui num jantar. Um casal de franceses que eu năo conhecia. Năo sei muito bem porque fui convidada, na verdade. Mas fui. Antes de ir, fiquei irritada. Já conheço esses jantarzinhos chatos de franceses sem assunto. E sabia que acabaria tarde demais, com aquelas conversas que dăo vontade de bocejar. Chegando lá, entrei na sala, e me dei de cara com uma pessoa muito linda. Uma mocinha de quase dois anos de idade. Com nome brasileiro - Maira. Me derreti todinha, imediatamente.
Todas as crianças do mundo săo belas. Isso meu avô dizia, muitos anos atrás. E ele tinha razăo. Mas algumas crianças a gente reconhece como incríveis, excepcionais, imediatamente. Essa moça, tăo tranquila, sorridente, e confiante. Um tiquinho de gente, assim. Cheia de alegria. Percebe-se que os pais săo gente boa, pela tranquilidade da criança. Ela ficava sentadinha, sozinha, numa boa. Tinha uma independęncia e personalidade totalmente dela. Năo precisava ficar colada nos pais. Era capaz de manter uma conversa comigo, uma ilustre e idiota desconhecida.
A măe dela foi consertar um computador com o meu amigo. Fiquei com o pai, e com a Maira. Nós duas, muito mal educadas, ignoramos o pai dela, e brincamos e conversamos sozinhas. Ela me levou ao seu quarto, mostrou todos os brinquedos, e me ensinou um monte de coisas.
Quando o pai dela veio buscá-la, pra dormir, ficamos as duas muito bravas. Eu tive que me segurar pra năo fazer um escândalo, junto com ela...
Desapareci uns dias do circuito... Nem blog, nem e-mail, nem nada. Mas consegui. Me obriguei a terminar un site muito chato, do qual estava fugindo desde antes do natal. Está feito, terminado, certinho. Agora só falta o homen me pagar... (de preferęncia sem inventar novas modificaçőes)... Ufa.
quarta-feira, janeiro 14, 2004
Ontém fui ver um moça. Mais uma artista, que precisa de mais um site. Sou meio idiota de ir buscar novos artistas, quando estou em época de web-block. Fazem semanas e semanas que năo consigo fazer um site.
Mas fui.
A moça, bonita, (enormes olhos azuis, cabelos bem pretos), explodindo de talento, recém casada, mora num apartamento charmoso, tem tudo. A vida bela que todos querem. Vi, pela 25a vez, ainda mais fotos do seu casamento. Lindo casamento. Lindo vestido, linda festa, lindo noivo. O inicio daquela vidinha que todos querem.
Mas com toda essa vida perfeitinha, ela sente dores de estômago. Porque?
Porque ela vive angustiada. Angústia da vida, da arte dela, do marido perfeito que năo a entende. Angustiada porque mesmo as pessoas com vidinhas sonhadas sentem falta de alguma coisa, que nem elas săo capazes de identificar.
Ŕs vezes eu falo (escrevo) demais...
segunda-feira, janeiro 12, 2004
Obrigada, queridos leitores, pela força. Sim, meu resfriado tinha melhorado. Fiquei feliz e animadinha. Mas foi short-lived. Domingo trabalhei o dia todo. Falei sem parar, durante 9 horas. Perdi a voz, perdi tudo. Estou acabada de novo. Bagaço. É a vida, certo?
...
E sabado... Ui. Fiz compras. Ui.
Deve ter alguma coisa muito errada comigo, geneticamente. Sou mulher, mas năo suporto fazer compras. Sério. Odeio. Isso năo é normal, certo? Comprar sapatos, entăo, nem se fala. Mas eu fui, e consegui. Empurrada, quase que amarrada. Mas consegui. O menino foi comigo, e quando eu chegava na frente de uma loja, e saia correndo, ele me pegava pelo braço, e me levava de volta.
Foi assim:
- Olha, năo gostei de nada aqui. Vamos embora.
- Espera. Vocę nem entrou, como sabe que năo gostou de nada?
- Mas olha lá. Acho que eles năo tęm o meu tamanho.
- Que tal a gente perguntar?
- Mas o vendedor é horrível.
- E vocę vai vestir o vendedor, ou o sapato?
Que pacięncia que meus amigos tęm comigo, hein? Foi graças a ele, que consegui comprar um tenisinho bem fininho, que vai salvar as plantas de meus pés. Acabaram as bolhas na aula de capoeira. Uuuuuuuuuuuuuuuuuhuuuuuuuuuu!
sábado, janeiro 10, 2004
Alguém tem um berimbau pra doar? Eu, tonta como sempre, fui logo oferecendo meu berimbau pros professores (agora que o outro foi embora falta instrumentos). Mas meu velho berimbau serve de decoraçăo. (Óbvio que năo sei tocar aquele negócio). Ele está todo entortado, velinho e doente. Me fudi. Vou ter que arranjar um berimbau. De onde é que vou tirar um???
Ontém foi show-down na capoeira. Santo, eles quase me matam do coraçăo! Mas deu tudo certo, muito certo. O antigo mestre, que queria mandar em tudo, e expulsar o povo todo dalí, veio, e com muita classe, disse que o trabalho dele nesse grupo estava acabado, e que ele estava se retirando. Rápido, e to the point. E bonito. Ele falou muito bonito. E foi embora. E o grupo continua, com os meus professores queridos, na nossa sala linda. Fiquei tăo feliz. Abobalhada.
Fui pra aula com meu resfriado, achei que ia morrer. E năo é que me fez bem. Transpirei baldes de água. Acho que limpou tudo. Estou bem melhor. E só năo ter uma recaída que tá limpo.
A vida é bela.
sexta-feira, janeiro 09, 2004
O lindo sistema de seguro médico francęs:
É verdade, năo devia reclamar. No Brasil, o povo năo tem bulhufas. Aqui, tem todo um sistema maravilhoso de ajuda ŕ todo mundo. Mas será que eles năo poderiam inventar um método mais lógico?
Porque é o seguite: eu tenho as costas tortas. Isso todo mundo já sabe. Tenho que fazer um tratamento. Isso é novidade, mas faz sentido. Fiz radiografias (caríssimas), que confirmam isso. Entăo pesquisei, consegui nomes de médicos que fazem RPG. Mas posso ir vę-los? Năo. Năo posso. Porque pra poder ser reimbolsada do RPG, tenho que mandar a conta pro seguro social. O seguro vai se recusar ŕ pagar. Isso já sabemos, mas faz parte da brincadeira. Quando o seguro se recusar, daí eu mando a conta pro meu seguro médico. E o seguro médico, em teoria, paga.
Mas tem mais. Năo é só isso. Que eu tenho as costas tortas, sabemos. Que tirei radiografias, sabemos. Que eu tenho que fazer RPG, sabemos. Mas o que năo sabíamos é que eu tenho que ver um médico generalista, que vai me olhar de novo, e dizer que é verdade tudo isso. E escrever um papelzinho, dizendo tudo isso que já sabemos. Se năo, eles năo pagam um tostăo. Ou seja, tenho que pagar mais 75 Euros pra ver um outro médico, para que eu possa pedir que eles paguem as várias contas do tratamento, junto com esses 75 Euros.
Faz sentido?
Diálogo matinal:
- O que que vocę tem? Qual é o problema?
- Nada, năo. Nada.
- Fala pra mim. Eu sei que tem alguma coisa.
- Năo tem nada.
Mentira. Claro que tem! Mas como explicar? Como explicar que estou doente, e cansada, e que ŕs vezes fico ultra sensível, e me sinto usada, suja? Como explicar que ŕs vezes me sinto como uma extra-terrestre? Como uma pessoa com um doutorado em filosofia, tentando explicar Heidegger ŕ um jogador de futebol? Ou como o jogador de futebol, tentando entender? Como explicar ŕ uma fashion victim que năo quero fazer compras na Zara durante as liquidaçőes? Que năo vou perder a dignidade, e lutar fisicamente, pela blusinha branca com fitinhas? E que na verdade, năo preciso, e năo quero, mais roupas e objetos na minha casa? Como explicar que sim, estou sim, com saco cheio de vocęs, e que por isso que estou de mau humor?
quinta-feira, janeiro 08, 2004
"Life is full of things you shouldn't give a shit about."
Palavras sábias do meu colega...
Fui no cinama ontém. Ultimamente, a gente năo encontra nenhum filme bom nessa terra. Por puro desespero, fomos ver Lost in Translation, de Sofia Coppola. Seu último filme, Virgin Suicides, foi excelente. Mas vi o trailer desse, e parecia patético. Por falta de opçăo, esperimentamos. Amei. Talvéz pelo fato de ter tudo a ver com o meu emprego: Pessoas presas em hoteis luxuosos em cidades onde năo falam a língua, e năo conhecem ninguém. Sem saber o que fazer. Com aquele sentimento de leve desespero. Sem nenhuma razăo concreta pela tristeza. Mas sentindo sua presença. Melancolia profunda. Amei
quarta-feira, janeiro 07, 2004
Será que quando a gente respira de um lado só, metade do cérebro fica sem oxigęnio?
Fiquei resfriada. Os anticorpos saíram de férias, e ainda não voltaram do ski. E eu, que sempre acho que sair com o cabelo molhado, e pisar no chão descalça, e não usar luvas ou guardachuvas não causam doenças, me fudi.
Durante as férias dos anticorpos, e durante a estadia do resfriado, o ânimo vai pras cucuias. E olha que trabalho esse final de semana. E TENHO que ir pra aula de capoeira essa sexta. E preciso de energia no trabalho. E bom humor na vida.
Mas o bom humor foi junto. Esquiar.
Merda.
terça-feira, janeiro 06, 2004
Finalmente, os americanos se tocam da gravidade do consumo excessivo de Coca-Cola... x
Amanha é lua cheia. Tudo se explica. Será que hoje é um bom dia para se tomar decisőes?
segunda-feira, janeiro 05, 2004
Dia punk, muito punk. Está todo mundo punk.
domingo, janeiro 04, 2004
Razőes:
Reasons aren't really things that make you do other things. Reasons are things you make up, much later, to reassure everyone that we are all logical, and that the world makes sense. We do unreasonable things, because we want to, at the time. No reason. Much later we sit in the wreckage, building reasons out of little bits of wreckage, so we have something to show the crash investigators. Look, this is what caused it. So the whole mess at least appears reasonable. So we can convince ourselves that at least there was a reason for the disaster, something we can prevent or avoid, so it'll never happen again. But a lot of the time there's no reason. We just flew it into the ground. Because we felt like it. And we're still dangerous. And it could happen again anytime.
It's easier to live with each other afterwards if we give each other reasons.
Julian Gough
Pois é. Está fazendo frio. Mas năo assim, simplesmente frio. Porque eu sei que sempre reclamo do frio. E pra mim, está sempre muito frio. Mas agora está fazendo muito frio meeeeeeeeeeeeeeeesmo. Daquele frio que faz com que a gente năo saia de casa ŕ năo ser por obrigaçăo. Daquele frio que faz a gente esquecer dos amigos. Sair de casa dói. Dói o rosto, a pele, os ossos. E com tanta dor, a gente fica tensa. Entăo doem os músculos. Dói o cabelo, e dói até o casaco. Dói tudo.
Dia primeiro, de manha cedo, nevou. Eu, claro, estava dormindo, e năo vi nada. Agora, acho que está fazendo até frio demais pra nevar.
sábado, janeiro 03, 2004
As novelas da globo chegam ŕ Paris. Só que năo estăo passando na televisăo. Estăo passando dentro do meu grupo de capoeira.
Ontém fui na aula. Foi um tesăo. Pela primeira vez, comecei a achar que estava indo pra frente, un tiquinho de progresso. Entendi alguma coisa, consegui fazer algo. Estava toda empolgada.
O professor disse que tinha uma coisa ŕ explicar. Contou que estăo tendo draminhas políticos entre os professores e o mestre, que năo mora mais na França. Enfim, uma longa história digna da novela das 8. Ridículo. E eles văo ter que mudar tudo, e arriscam ter que desmontar o grupo. Uma longa história, de amor e glória (e de grana). Fiquei acabada. Năo sei o que vai acontecer... Vamos saber mais segunda feira, e a depois eles văo resolver tudo e explicar na sexta. Uma semana...
Arghl...
sexta-feira, janeiro 02, 2004
Pronto. Acabaram as férias. Fiquei 10 dias sem trabalhar, com um monte de tempo livre, e năo fiz absolutamente nada. Produtividade = zero. Bebi, fumei, conversei. E 2004 chegou. Vou ter que dar um jeitinho nessa preguiça toda, e vou ter que aprender a ficar menos irritada com as pessoas por aqui. Voila.
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