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terça-feira, setembro 28, 2004
Estou em casa, fudidamente resfriada. Estou tomando litros de chazinho, e alguns dentes de alho. Tenho bafo de cachorro. E vontade de nunca mais sair de casa...
segunda-feira, setembro 27, 2004
Que hacemos aqui?
Foi o que minha amiga Mexicana disse quando saimos do Diarios de Motocicleta. Não sou capaz de respodê-la. Chorei rios de saudades durante esse filme. Walter Salles é um gênio.
Pois é. O mundo é podre, as pessoas são corrompidas e fazem de tudo pra passar por cima dos outros, cada um só se interessa pelo próprio umbigo. Eu é que sou ingênua e esqueço dessas coisas. Sou ingênua ao ponto de ficar chocada e chateada quando me reparo com a realidade. Burra.
Mas fico acabada quando vejo que dentro do meu próprio trabalho, dentro da minha vidinha, essas coisas também acontecem. Tenho nojo disso. Nojo das mentiras, das coisas escondidas, das trapaças. Porque tento não ser assim, mas os outros são. O mundo é assim. Take it or leave it.
Cair na realidade é desagradavel, mas necessário. Caí.
sexta-feira, setembro 24, 2004
Uma questão ética:
Se você descobre que teu colega está declarando os dias que tirou de férias como dias doente (ou seja, está sendo pago), e depois descobre que está viajando pelo custo da empresa, e que quando trabalha não faz porra nenhuma, o que você faz?
a) Pergunta pro chefe?
b) Fecha o bico, porque não é da sua conta?
c) Reclama e faz um escândalo no escritório?
d) Nenhuma das alternativas
e) Outra ___________________
Brasil e literatura
O que aconteceu com o meu Brasil? Saí desse país maravilhoso dez anos atrás, quando terminei a escola. Naquela época as coisas eram muito diferentes. Pra começar todo jóvem cool que se prestava era contra música brasileira. Bom mesmo era ouvir metal importado. Ou um pop inglês simpático. MPB nem pensar. E a literatura? Ler livros era cafona. Escrever então, fora de cogitação. Os jóvens cools sentavam no fundão da sala, reclamavam do professor, e passavam bilhetinhos. Quem queria tirar notas razoáveis (eu) tinha que fazê-lo discretamente. Senão era taxado de CDF e perdia toda a moral.
Hoje em dia, pelo que vejo, os jóvens gostam e respeitam a cultura brasileira. MPB é bom, e podem escutá-la sem sentirem vergonha. Literatura é legal. O povo não só lê, como escreve! E mesmo assim são cool. Pessoas absurdamente novas, como o Marcos, por exemplo, (e tantos outros blogueiros adolescentes) escrevem fudidamente bem. Na minha época isso era impensável.
(Tudo bem, o Marcos já cresceu, foi morar em Londres sozinho, e tudo mais. Mas pra mim continua me deixando com complexo de velha. Quando eu tinha a idade deles, nunca pensei em correspoder com pessoas 10 anos mais velhas).
E agora, como eles fazem? Eles sentam no fundão e lêem Paul Auster? Eles fingem não ouvir o professor mas conseguem passar no vestibular? Como? Não entendo!
quinta-feira, setembro 23, 2004
Ó hormônios...
As mulheres sofrem. Não adianta. Sexo frágil uma pinóia. Os homens não seriam capazes de aguentar um minuto dos nossos ciclos.
Lí um artigo sobre exercícios e o nosso mês. É o seguinte: Durante os primeiros dez dias do nosso ciclo menstrual (logo depois da menstruação), estamos bem. Podemos correr, fazer exercícios aeróbicos e tudo mais. A vida é uma beleza. Durante as próximas duas semanas, o ânimo já baixa bastante. Melhor fazer coisas levinhas, como correr um tiquinho, e alongamentos. E daí chega a TPM, e logo depois, a menstruação. Durante esse tempo todo, deixa quieto, fica tranquila. No máximo dê uma caminhadinha curta, e volte pra casa. Não adianta, que a energia não estará presente em lugar nenhum.
Ou seja, a gente deprime e come choclates durante a menstruação. Fica gorda e cheia de espinhas. E principalmente, muito infeliz e chata. Depois tem que cavalar durante os próximos dez dias pra tentar perder os muitos kilos que acumulamos nesses dias. Mas cavalar mesmo, porque depois da ovulação, deixa quieto, pode esquecer a energia de se mexer um pouco. Alongamento. Olha, acho importantíssimo fazer alongamentos. Mas preciso de um pouco mais. Alongamentos não afinam a cintura, nem endurecem os músculos.
Mermão, isso ninguém aguenta! TPM, chocolates, e litros e litros de chazinho anti-dor-de-cabeça. Porque sou raínha das dores de cabeça. Meu guru* mandou tomar chazinho "banchá" pra evitar dores de cabeça. Mas esse chazinho também tem propriedades diuréticas. Já fui fazer xixi umas 256897124722 vezes hoje. O pessoal deve estar achando que tenho um problem intestinal sério.
Mas fazer o quê? Sou mulher. A vida é assim mesmo!
* Meu guru é um japonês-chinês em São Paulo que faz Chiatsu. Quem quiser criticar que critiquem, mas me expliquem como ele apertou uns pontinhos no meu corpo e sabia de TUDO. Literalmente TUDO. Sobre meus sentimentos, amores, minha relação com minha mãe, meu pai, sobre a minha saúde (inclusive exatamente o que estava acontecendo nos meus órgãos internos), sobre o que como, meus excessos e minhas carências. Ele é meu guru, sim!
A esquina da minha rua...
(O post de óntem não foi uma busca de elogios, mas realmente porque acredito que posso fazer melhor. Por isso vou provar à vocês, falando de abobrinhas banais da minha vida. Hihihihi!)
Moro num bairro super tranquilo. Fica pertinho do parque, é cheio de famílias e velhinhos, e principalmente, muitas farmácias (para os velhinhos). Não tem bares, não tem nenhuma loja maneira, não tem atração turística. Residencial 100%.
O engraçado é que bem na esquina, na frente da minha janela, existe algum karma muito dramámatico. Sempre tem acontecimentos bizarros. Os carros e motos passam cantando pneu, no meio da noite. Sempre. Não sei pra onde vão, mas vão com pressa.
Teve um carro, estacionado, que pegou fogo, sozinho. Fez PUUUUM, e saíram chamas de dentro. Vai entender. Os bombeiros vieram, tiveram que estourar tudo, queimou vários carros em volta. Ninguém nunca descobriu o que aconteceu.
Outra vez tinha um maluco que pirou dentro de um carro. Saiu do meio do cruzamento, bateu em TODAS as esquinas e todos os carros estacionados, tentando manobrar em tempo récorde. Subiu a rua de ré como um louco, e foi bater num carro de polícia que estava na outra esquina, por alguma razão inexplicável.
Tem uma mendiga que mora na frente do prédio vizinho, que preparou sua cazinha de papel, e fala sozinha. Normalemente, mais ou menos na hora exata em que resolvo dormir, ela começa a gritar. E gritar muito. Durante horas.
Algumas semanas atrás um prédio bem na frente do meu pegou fogo. Vieram quatro ou cinco caminhões de bombeiros, vários carros de polícia, e muita gente ver os acontecimentos. De repente, de um momento ao outro, sumiram todos.
E o resto do tempo, meu bairro é tranquilo e calmo. Dá pra entender?
quarta-feira, setembro 22, 2004
Querido leitor,
Me preocupo com você, fiel leitor amigo, que vira e mexe volta aqui, e desde tempos se depara com nada de muito interessante. Sei. Estou passando por um período de seca de inspiração. Sinto. Não consigo inventar nada de novo ou interessante pra contar.
O problema é o seguinte: a gente escreve mesmo, escreve assim, aqueles textos que saem direto da veia, quando estamos sofrendo. Dor é a melhor inspiração. Vejam os grandes escritores, todos meio torturados. Vejam os textos maravilhosos que saem das pessoas que sofrem de amores não correspondidos. Que coisa maravilhosa!
Mas eu agora estou tranquila. Meu amor não correspondido sumiu memso. Os que ficaram por aqui são bonzinhos, morninhos. A vida vai tranquila, meio cheia de tédio. E fora isso, o que posso contar? Nem os franceses estão me aprontando nada, pra mim poder contar as aventuras de uma estrangeira perdida nessa cidade maravilhosa.
Sinto. Paciência. Vou esperar alguma desgraça me acontecer, daí sim, posso escrever coisas maravilhosas. Por enquanto vocês vão ter que aguentar essa vidinha sem graça que conto por aqui.
Saudações. Até mais!
Semana que vem começa meu curso de Flash! Yeh! Vou virar uma webmastah high-tec muito cool... Depois ninguém me aguenta...
E o Bush, minha gente?
Estou aqui, longe de tudo e de todas, sem pensar em eleições. Mas na verdade o Brasil está passando por isso, e pior, os EUA. Minha coleguinha, de Arkansas, está nervosa e só fala nisso o dia todo. Como é que pode ser que aquele homen está com sérios riscos de ser eleito mais uma vez? Não consigo ver a lógica das milhares de pessoas que querem votar por ele. Mas de alguma maneira, ele consegue. Kofi Anan recentemente declarou que sim, a guerra no Irak é ilegal. O mundo todo já está careca de saber disso tudo, mas as Nações Unidas repetem mais uma vez.
E eu digo:
terça-feira, setembro 21, 2004
Esse final de semana fui ver uma das minhas clientes de site. Já falei dela por aqui antes. Estamos tentando finalmente terminar o trabalho todo, e colocar a versão final do site no ar. Mas demora. Ontém percebi que na verdade não quero nunca terminar esse site. Porque terminando-o, não terei mais razões pra passar a tarde na frente do computador dela, ouvindo sua conversa, ouvindo a gritaria de seus filhos, brincando com seu gato. E essas poucas horas que passo na presença dela são uma aula, uma lição de vida. São como encher o tanque do espírito. Gasolina pra vida. Ela consegue inspirar, dar força, paixão para as vidas que tocam a dela. Não somente pelo seu trabalho (fotografia) maravilhoso, mas pela sua personalidade.
Dessa vez ela pediu pra mim trazer minha irmã, e fomos tomar uma cerveja. Minha irmã, antiga aluna dela, anda se metendo em situações idiotas, com seus amigos e amores. A moça sacou na hora o que estava acontecendo, e resolveu se meter. Falou um monte, sobre a vida, o amor, o que os homens devem fazer para as mulheres, e sobre simplesmente ser mulher. Esqueço que sou mulher. Ser mulher é diferente de ser gente.
Cheguei em casa com a cabeça girando, mil pensamentos voando. E o site dela, que avança pouquinho a pouquinho.
Queria viver somente de arte...
segunda-feira, setembro 20, 2004
Hoje tenho muitas coisas pra dizer, mas as palavras não se encaixam juntas. Tenho que escolher uma foto daqui, como parte do pagamento do site. Mas qual? Impossível tomar uma decisão...
O novo site do Araquem está no ar. Maravilhoso. Aliás, dia 22 tem o lançamento do livro em São Paulo. Pra quem pode...
quinta-feira, setembro 16, 2004
Da série posts cretinos (depois não digam que não avisei)
Então pelo jeito o que da ibope por aqui é falar sobre a higiêne dos meus conterrâneos (vide os comentários). Pois é. Acho feio e preconceituoso fazer julgamentos sobre um povo em geral. Conheço muitos franceses que gostam de tomar banho, que são limpinhos e chegados a escovar os dentes. Porém, minha experiência pessoal com a higiene do europeu começou cedo. Quando era criança e morava na Inglaterra, tivemos uma amiguinha que passou uns tempos em casa enquanto os pais viajavam. A Hannah era uma loirinha simpática, que morou no meu quarto durante uma semana. Todo dia jantávamos juntas, e depois minha mãe mandava minha irmã tomar banho, e logo em seguida me mandava atrás. Depois perguntava á Hannah se queria ir também. Ela sorria e recusava. Mamãe não queria obrigar a filha de outra pessoa a fazer alguma coisa contra sua vontade. Afinal de contas, passávamos o dia juntas, fazíamos tudo ao mesmo tempo. Achava que Hannah resolveria me seguir um dia desses. Conclusão: a menina passou uma semana em casa, sem tomar banho uma única vez. No final da semana seus belos cabelos loiros pingavam ranço, mas ela continuou sem banho.
Alguns anos depois, já adolescentes, a história se repetia. Outra menina, mas os mesmos resultados. Acontece que dessa vez já éramos "mocinhas". Sem comentários...
Na França não tive experiências tão violentas quanto essas, mas as coisas pequenas de todos os dias são assustadoras:
Pegando o metro cedinho de manha, as pessoas (muitas pessoas) tem as unhas pretas. Será que fizeram um pouco de jardinagem de manha antes do trabalho, ou será que não tomaram banho? O bafo geral é uma boa indicação de que muitos não tem o gostinho fresco de pasta de dentes na boca. O que acontece muito também é que as pessoas até tomam banhos, mas colocam a mesma camisa fedorenta de muitos dias atrás, o que resulta em um outro tipo de futum completamente diferente.
O que não falta, infelizmente, são pessoas (nem sempre homens) que cospem na rua, e chegam à catar caquinhas do nariz, em público, sem nenhum pudor.
Mas isso são alguns, de vez em quando. Meus amigos e meu namorado são todos muito limpinhos e cheirosos, gostam de banhos e desodorantes (com validade de 12 horas, porque não precisam dos de 48!!!).
quarta-feira, setembro 15, 2004
Meu grande amor - meu computador...
Não gosto de admitir isso, mas não posso viver sem meu computador. Está velho, comprei/ganhei em 2000. Meu pai pagou uma parte dele, como presente de aniversário. Nesse anos trabalhei muito com ele, e aprendi muito. Mas as minhas 40 gigas estão abarrotadas de coisinhas, o meu Windows 2000 está cansado da vida. Os outros programas estão cada vez mais lentos, com cada vez mais problemas.
Esses dias mencionei o problema a amigos, que, sendo nerds, imediatamente tomaram providências. Me mandaram propagandas e preços de novos computadores, insentivando ao máximo. Me arrastaram ao Surcouf, loja horrenda enorme com milhões de computadores e materias de nerd. Tentei fugir, mas me obrigaram à conversar com o moço, e explicar meu caso. Não queria jogar o meu amigo computo no lixo, mas eles podem fazer up-grades e revitalizar o velho. Quando mostrei a minha configuração eles explicaram que vou ter que mudar quase tudo. Azar. O preço me parece enorme, mas todos insistiram que é normal.
E as perguntas: será que vale a pena? Será que não seria melhor comprar um laptop? Será que não consigo sobreviver com o meu velho amigo alguns anos ainda? Ó duvida cruel...
O problema é que eu tenho ansiedade aguda toda vez que tenho que gastar dinheiro!
segunda-feira, setembro 13, 2004
As novidades do final de semana...
Domingo de manha o chico que mora comigo foi dar uma voltinha na rua. Voltou pra casa dizendo que tinha acontecido uma coisa muito louca com ele. Contou que tinha comprado uma máquina fotográfica digital. Um carro vermelho passou, e os dois senhores dentro chamaram ele, oferecendo a camara, de procedência duvidosa. Ele conseguiu baixar o preço proposto de 700 a 200 Euros. Ficou muito feliz, foi retirar a grana. Os senhores mostraram a mercadoria, tiraram algumas fotos, mostraram as outras que estávam na memória, inclusive fotos de seus filhos, etc. Colocaram ela numa latinha, e deram pra ele, que passou a grana. Pedi pra ver a tal máquina. Ele foi abrir a latinha, que estava emperrada. Ficou um tempão puxando, e finalmente conseguiu desgrudar a tampa. A lata estava cheia de farinha.
Ele não entende, até agora, o que aconteceu, nem a que momento os senhores trocaram as latinhas. Foi tonto, e sabe. E reconheceu que quando o desejo de algo que a gente não tem condições de comprar é grande demais, só pode dar merda.
Que raiva que me deu, de ver que tem gente tentando abusar dos outros a esse ponto, e que a gente insiste em acreditar na bondade e honestidade das pessoas.
quinta-feira, setembro 09, 2004
Minha vida está confusa. Calma, mas confusa. Não sei mais o que quero, o que devo, o que anseio. No trabalho, o povo está muito chato. Meu chefe, único ser sem rancores e má vontade, vai embora. Vou ganhar um novo chefe, se é que vou ficar por aqui. Os colegas expiram mau humor e raiva, sem entender porque. Mudei de mesa, estou no outro canto da nossa sala. Tenho uma vista diferente, e menos gente olhando pro meu monitor, tentando saber o que faço.
Resolvi algumas questões sobre relacionamentos. Acho que tem gente que se entende sempre, sem precisar de palavras. Essas vivem as mudanças com tranquilidade. Outras só vivem em torno de seus próprios umbigos, e isso não tenho o poder de mudar. Que continuem então cuidando desses umbigos. Não vai ser eu que vou ajudá-los. Esses dias andei triste, tentando modificar o mundo. Mas não posso. E o medo da solidão nã é razão válida para se aguentar egos alheios.
E às vezes o passado volta. E sinto uma melancolia sobre coisas que me deixavam desesperada, coisas longe de mim que não podia acessar. Vejo pessoas distantes por todos os lados, frutos da minha imaginação. Mas não posso mundar o passado, e não posso dar forças aos fracos. As pessoas vivem as vidas que eles mesmo escolhem. Não posso tomar decisões pelos outros.
Não entendeu nada? Não se preocupe, eu também não.
terça-feira, setembro 07, 2004
Sou uma mulher corrompida. Bebo cafés caríssimos no Columbus. Sei que são industriais, e anti-francês (que toman café nos cafés tradicionais, nunca numa instituição importada como essa). Mas merrrrmão, como é bom. Ainda por cima servido por um lindo menino, sorridente e bem-humorado, e que toma banho! No wonder que sou corrompida...
segunda-feira, setembro 06, 2004
Irmãos
Estamos trabalhando com duas irmãs na faculdade. E fiquei impressionada. Uma delas, a mais velha, é a querida do pai. Mais bonita, mais inteligente, mais responsável. Organisou tudo pra ingressar na faculdade, e chegou na hora certa, preparada. A outra, mais nova, resolveu se inscrever bem mais tarde. Desorganisada, não entendeu bem o procedimento, e acabou se atrasando com tudo. Se confundiu na hora de se apresentar, acabou deixando documentos valiosos no lugar errado, e perdeu o lugar na fila. O pai ligou, logo avisando que essa segunda filha não daria em nada. Disse que só se preocupa com shopping, e foi burra em deixar os documentos todos conosco. Tivemos que conversar muito com ele pra conseguir autorização de inscrevê-la.
E me pergunto, como um homen adulto pode fazer isso com suas filhas? Elas já sabem, novinhas e antes de entrar na faculdade, que uma vai dar certo e a outra não. Foi martelado nas cabeças de ambas que a diferencça entre elas é enorme. Claro que a filha irresponsável e burra vai continuar assim. Qual é o incentivo em tentar melhorar, se o pai já se decidiu por elas?
E não foi preciso um Phd em Psicologia pra mim deduzir isso.
O desenvolvimento e crescimento de uma criança depende enormement na visão dos pais. Cada um precisa receber amor, carinho, respeito, mas principalmente a fé dos pais, que acreditam no seu sucesso pessoal. Isto é lógico.
Tudo bem, não sou mãe de ninguém, não posso dar lição de moral em pessoas que criam seres humanos. Afinal de contas, só criei dois gatos, e olhe lá. Mas como gostaria de ter o poder para mudar a cabeça de pais ignorantes como esse.
sexta-feira, setembro 03, 2004
Detalhes do cotidiano banal (por falta de melhores histórias pra contar)...
Ontém cheguei em casa bestamente alegre. Um amigo que estava por lá perguntou o porquê, mas não soube responder.
Recebi um colchão novo, que eu não precisava, mas amigos e familiares acham que o meu antigo futon maravilhoso estava velho e duro demais. O colchão novo é maravilhoso, mas o velho era muito bom pra mim também. Dizem que fazia mal pras minhas costas quebradas. Nesse caso, mesmo sem sentir a diferença pessoalmente, fico feliz com o novo.
Fui trocar um anel que ganhei de aniversário, duma loja maravilhosa, cheia de coisas desnecessárias. O novo anel é lindo, mesmo sendo um pedaço de metal que realmente não preciso.
Fui encontrar com a belíssima Carolina, que me deu uma pequena pintura, de presente, pela ajuda com seu site. A pintura, bem característica de seu estilo, é linda, e foi completamente inesperada. Amei.
Hoje à noite pego um trêm pro sul, mais uma vez. Vou ver um pouco de sol e calor, antes da chegada do inverno, que tanto me desespera. Vai ser a última vez que visto um bikini esse ano, me parece. Fiquei feliz pela presença de uma mocinha linda, que, espero, vai mudar um pouco a experiência de sempre daqueles lados.
Tudo isso é muito bom, mas continuo achando que não justificam a minha euforia boba. Mas não vou reclamar...
quarta-feira, setembro 01, 2004
Voltei á correr no parque ontém, depois de alguns meses de falta total de qualquer tipo de exercício físico. Não corri muito, porque não tinha lá muito fôlego. Dei uma voltinha básica no lago. Faz bem, mesmo sendo pouca coisa. Meus pobres músculos não sentiram muito, mas botei um montão de oxigênio no fundão do pulmão. E transpirei. E encontrei meus coleguinhas de corrida. Algum dia, não sei por quê, resolvi conversar com um moço que corria por lá. Sou patética. Sou capaz de dar qualquer informação que me perguntarem sobre a minha pessoa: nome, endereço, telefone, tamanho do calçado, do sutiã, comida preferida, e onde comprei meu colchão. Depois, claro, me arrependo amargamente. Vou correr no parque, (o que jáo não é uma atividade muito glamour) e quando estou toda cor-de-rosa, suada e esbaforida, vem um "amiguinho" me comprimentar. Estava se esticando, com o pé lá em cima da cerca.
- Salut, Bruna!
(Grito muito alto, e nem um pouco discreto).
Dei um sorrizinho, e passei reto. Mas ele veio atrás.
- Posso correr com você?
Deusmelivreeguarde! Sou uma coisa muito feia correndo. E a última coisa que quero nesses moments é compania. Muito menos de um ilustre desconhecido esquisito. Foi o que expliquei, gentilmente, ao "amigo".
- E a capoeira, vai bem????
- Capoeira?!?!?!!!!
Então eu dei mais informaçõo do que eu pensava. Dei um sorrizinho amarelo, e disse que já estava indo embora. Daí sim corri. Bastante. Até chegar em casa...
Amor incondicional é amor materno. Pelo menos, é isso que dizem por aí. Minha mãe tem todo o amor do mundo, isso com certeza, mas ela tem o dever de ser mãe: educar, ensinar (mesmo as coisas que eu não queria aprender), controlar, limitar, ensinar os valores morais que todos nós temos. Muitas vezes se irritava (e se irrita) com os meus defeitos. Critica, pra melhorar quem sou. Me guia, com seu jeito delicado, a ter os gostos que ela tem. Afinal de contas, é mãe.
Amor incondicional mesmo, total e absoluto, só existe um: o da minha avó. Vovó nunca criticou, nunca limitou, nunca reclamou. Tudo o que eu fazia era lindo. Sempre. Passei a minha infância indo na casa da vovó pra sentar o dia todo no sofa, comer doces e assistir desenhos animados na TV. Não tinha TV em casa, naquela época. Meus pais tinham princípios. Mas vovó acabava com eles. Me dava um banho de televisão com açúcar refinado. A geladeira dela era uma caverna do Ali Baba. Doces, sorvete, refrigerantes, bolos, chocolates. Do lado da porta ela tinha uma caixinha mágica, cheia de balas. As balas nunca terminávam.
Vovó nunca se zangou comigo, nunca se chateou, nunca levantou a voz. Na casa dela a liberdade era total. Ela me pegava no colo, me abraçava, beijava. Me fazia carinhos.
A única coisa que me pedia era um casamento na igreja. Porque esperou a vida toda, mas nenhum de seus filhos se casaram na igreja. Sou a neta mais velha. Ela não gostou quando ficou sabendo que morava com um moço, sendo solteira. Isso não era bom. Mas ela nunca disse isso pra mim. Deu voltas, manipulou e empurrou todos, mas nunca me disse nada.
Contava histórias sobre os anjinhos no céu. Horas e horas passamos, deitadas na cama, imaginando o paraíso. Ela me ensinou a fazer três desejos cada vez que entrava numa igreja. Mas um deles era obrigatório: que titia se casasse. Os outros dois eram de minha autoria.
Quando fui morar na Inglaterra, pequenininha, aprendi a rezar o Pai Nosso na escola, em inglês. Ela me levou pra sua igreja, e me colocou em pé, do lado do padre, pra rezar, na frente de todos. Lembro como se fosse ontém. Eu vestia uma blusinha e sainha verdes. E não tive medo. Sabia que vovó nunca teria me colocado lá se não fosse uma coisa boa. Rezei, no microfone, sem saber muito bem o que estava acontecendo, mas tendo a certeza que ela cuidaria de mim. E que tinha todo o orgulho do que eu fazia.
Tantas memórias me vem a cabeça quando lembro dela. Me ajudou a ser mulher. Foi com ela que aprendi que moças são vaidosas, pintam os cabelos, fazem as unhas, passam cremes. Ela me ensinou que mulheres não deviam ser megrelas. Ela pegava no meu braço pra ver, cada dia, se ele tinha engrossado, se eu tinha comido direito. Queria me comprar uma calcinha com bundinha, porque era muito magra na adolescência, e um pouquinho de espuma embaixo da calça não faria mal a ninguém. Mas mesmo com esses defeitos todos, meu corpo era bonito, perfeito, pra ela. Porque eu era sua princesa.
Agora está velhinha. Precisa de ajuda pra andar, pra comer. Mas quando fui vê-la pela última vez, ela sentou no terracinho comigo, e tomamos suco juntas, e conversarmos no solzinho. Ela queria fazer as unhas, e uma depilação. E perguntou sobre o que ando fazendo, e sobre minha irmã. Queria saber sobre a nossa vida em Paris.
Mas agora ela está morrendo. Já chegou na hora. Ela viveu muito, e bem. E tinha uma quantidade infinita de amor pra dar. Ela acredita tanto no seu paraíso que vai pra lá, encontrar meu avô, que a espera ha anos. Tenho certeza.
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